Desde que me entendo por gente, a música sempre esteve ao meu lado. Nasci em 1973 e minha primeira lembrança são uns discos coloridos de vinil de 7 polegadas com canções infantis que eu escutava em uma pequena vitrolinha. Acho que os mais jovens não vão entender ou sequer visualizar o que estou falando, mas tudo bem (Rs).
Fui criado em um ambiente com a música presente o tempo todo. Minha mãe ouvia rádio o dia todo e eu fui absorvendo aquele conhecimento todo desde sempre, posso dizer que sou um filho do rádio. Soul Music, Música francesa, Samba, Disco, Rock, tudo isso serviu de base para minha educação musical. Essa ligação da música com a minha mãe vem de família, pois ela era prima de primeiro grau do inesquecível e seminal Newton Duarte, mais conhecido como Big Boy. DJ e jornalista, Big Boy influenciou quase uma geração e sempre ouvi minha mãe falando com muito orgulho dele e como eu iria adorar ter conhecido nosso primo que infelizmente se foi precocemente em 1977 quando eu tinha somente 4 anos.
Já do lado paterno, tive o prazer de ter como primo o inesquecível guitarrista niteroiense Dino Rangel. Doce figura e que inclusive foi meu professor de guitarra, pena que eu não ter tentando me aperfeiçoar no instrumento, mas aprendi bastante com mais esse ser iluminado que nos deixou em 2019, também muito cedo.
Aos 9 anos, comecei a me interessar pelo Rock brasileiro e me lembro de comprar tempos depois, por volta de 1983, os meus primeiros discos, que foram "Cantando No Banheiro" do Eduardo Dusek e "As Aventuras Da Blitz" do fenômeno grupo Blitz e daí foi um caminho sem volta, mas o "turning point" veio no final de 1984 com o anúncio da primeira edição do Rock In Rio em janeiro do ano seguinte.
Uma explosão do Rock nas rádios e a minha geração só falava nisso. Me lembro de ganhar 2 discos como prêmio por ter passado de ano ainda em 1984. "Love At The First Sting" do Scorpions e "Animalize" do Kiss, esse último eu escutei tanto, que acabei arranhando ele todo (Rs), mas foi o meu começo no mundo do Rock pesado.
Virei um ávido consumidor de discos, fitas e revistas, lembrando que era uma jornada conseguir esse tipo material no meio dos anos 80 aqui no Brasil. Tudo chegava atrasado, quando chegava, e as fontes eram bem poucas. Acho que isso serviu para eu correr atrás de informações e dar valor ao que conseguia, sem sequer imaginar que isso iria ser a base do meu futuro no meio da música anos depois.
Depois de assistir o meu primeiro show em 1984 do mestre Celso Blues Boy, só 5 anos depois pude conferir as bandas internacionais A-ha e Metallica ao vivo no Rio de Janeiro e daí para frente já foram mais de 1.000 shows ao longo de quase 40 anos vivendo intensamente com a música ao meu lado, aliás, essa música sempre teimou em me salvar. Ela é a minha melhor amiga e sempre vai ser. Meus pais se separaram e quem estava lá? Quando perdi minha mãe aos 15 anos de forma trágica, era com a música que eu "conversava" e me consolava. Pode parecer que a música só aparecia em momentos difíceis, mas são nessas horas que ela se faz mais presente. Sua força vai muito além do que muitos podem imaginar, meus amigos.
Nesse meio tempo, pude escrever sobre música para o site Metal Na Lata de 2015 até 2022, onde pude cobrir as 3 últimas edições do Rock In Rio como repórter, mas ainda sim parecia que algo estava faltando e em 2020 em plena pandemia, fundei ao lado de Wallace Magri a The Bridge, que faz assessoria e gestão de carreira, entre outras coisas, de vários artistas brasileiros e internacionais e posso dizer que é um dos meus maiores orgulhos da minha vida. Outro grande momento de realização foi poder ter feito a co-produção musical do álbum "Kings Of Groove" da banda paulista de Soul Music Higher Ground. Meus pais ficariam orgulhosos desse trabalho, principalmente dona Neide, minha mãe, aficionada em música negra.
Em 2022, produzi o The Bridge Fest no Teatro Nelson Pereira dos Santos aqui em Niterói com algumas bandas de Heavy Metal no cast, além de produzir alguns shows eventualmente sempre que contratado e ainda esse ano, serei um dos produtores da tour da banda Electric Mob em diversas datas pelo Brasil. Atualmente, estou trabalhando no site Confere Rock e aqui na CAtv com muito prazer, sempre tentando transmitir minhas opiniões e o que vivi para muito mais pessoas da melhor forma possível. Hoje mesmo tenho um show para cobrir e semana que vem a resenha será publicada por aqui...não percam, porque o show, literalmente, nunca para!
Não deixem nunca de ter a música ao seu lado, meus amigos. Música ensina, música ajuda, enfim, a música cura e ela não falha. Nunca se esqueçam disso.
Texto por Tarcísio Chagas
Crítico Musical
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